O anfiteatro é chamado de Amphitheatrum Flavium em latim e simplesmente Amphitheatrum em italiano (Anfiteatro). É o maior anfiteatro romano do mundo, com uma capacidade estimada entre 50 000 e 87 000 espectadores. Isto colocá-lo-ia no centro do anfiteatro romano mais impressionante de Roma, que é também a relíquia mais impressionante da antiguidade que chegou até nós hoje.
Foi inscrito na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1980, juntamente com todo o centro histórico de Roma, as propriedades extraterritoriais da Santa Sé na Itália e a Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Mais tarde, em 2007, foi escolhido como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo numa competição organizada pela New Open World Corporation (NOWC). Construído durante o reinado de Flaviano, em um terreno na extremidade leste do Fórum Romano, o anfiteatro foi iniciado por Vespasiano em 70 d.C. e concluído por Tito, que o inaugurou em 21 de abril de 80 d.C. Sua construção foi finalmente concluída, com algumas modificações, por Domiciano em 90 d.C.
Iniciado nos anos 70 a 72 pelo imperador Vespasiano, da dinastia Flaviana, foi financiado, como todas as outras obras públicas da época, por impostos provinciais e também pelos espólios da conquista do Templo de Jerusalém em 70. O local escolhido foi a depressão entre Velia, o Monte Oppio e o Monte Celio, onde havia um lago artificial — que o poeta Marcial chama de «o stagnum» — escavado por Nero para a sua Domus Aurea. A piscina, ou melhor, o corpo de água, era alimentado por nascentes provenientes da base do Templo do Divino Cláudio, no Monte Celio. Vespasiano ocultou-o como uma obra de reparação para reverter as políticas do tirano. Nero tinha privatizado terras públicas para seu próprio uso, mostrando o que veio antes e o que viria depois em termos de formas de governo. Vespasiano redirecionou o aqueduto para uso cívico, restaurou o lago e melhorou as fundações sobre as quais a Cavea foi construída.
Antes de sua morte em 79, Vespasiano cuidou da conclusão dos dois primeiros níveis e inaugurou com sucesso a estrutura. Este foi o primeiro grande anfiteatro permanente em Roma, depois de dois menores ou mais temporários do período júlio-claudiano (o Anfiteatro de Taurus e o Anfiteatro de Calígula), e foi construído 150 anos após os primeiros anfiteatros terem sido construídos na Campânia. Tito também elevou os assentos para o terceiro e quarto níveis e inaugurou-o oficialmente com 100 dias de espetáculos em 80. Pouco depois, grandes mudanças foram feitas pelo outro filho de Vespasiano, o imperador Domiciano, a quem se atribui a conclusão do ad clipea — provavelmente escudos de bronze dourado — e possivelmente a adição do maenianum summum in ligneis, bem como a construção das passagens subterrâneas da arena. Após essas melhorias, o anfiteatro deixou de ser usado para naumachiae, ou encenação de batalhas navais, que, de acordo com fontes históricas, haviam ocorrido pouco antes.
Juntamente com a construção do anfiteatro, várias outras estruturas foram construídas para os jogos: os ludi (que eram usados como quartéis e campos de treino para gladiadores - Magnus, Gallicus, Matutinus e Dacicus), quartéis para o contingente de marinheiros da Classis Misenensis - a frota romana estacionada em Miseno, que operava o velarium (castra misenatium), o summum choragium e a armamentaria - armazéns para armas e equipamentos. Havia também um sanatório - um local para tratar ferimentos recebidos em batalha - e um spoliarium, onde eram guardados os restos mortais dos gladiadores mortos em combate. O edifício tem a forma de um oval policêntrico, com uma área de 527 metros na sua parte mais longa, 187,5 metrosna sua parte mais larga e 156,5 metros nos seus dois eixos. O interior da arena mede 86 por 54 metros, perfazendo uma área total de 3357 metros quadrados.
O que agora se ergue do solo para formar esta estrutura tem 48 metros de altura, embora originalmente tivesse 52 metros. Esta estrutura reflete claramente os verdadeiros princípios naturais dos projetos arquitetónicos e de engenharia romanos durante o seu período imperial inicial, com a grandiosa linha envolvente do plano elíptico e os métodos de construção detalhados utilizados. Os arcos e abóbadas estão estruturalmente inter-relacionados de uma forma interessante. Na antiguidade, aqui realizavam-se jogos de gladiadores. O público podia assistir a diferentes tipos de espetáculos: caças de animais e naumachiae, batalhas navais, reconstituições de batalhas famosas e dramas baseados na mitologia. Caiu em desuso após o século VI, mas com o tempo encontrou vários usos, principalmente como pedreira. Hoje é um símbolo de Roma e, como monumento arqueológico que pode ser visitado, uma das suas principais atrações.
O trabalho de Nerva e Trajano é atestado por várias inscrições, mas foi sob Antonino Pio que começou a primeira fase da restauração. Em 217, provavelmente devido a um incêndio causado por um raio, as estruturas superiores foram danificadas, resultando no encerramento do Coliseu por 5 anos, entre 217 e 222, período durante o qual os jogos foram realizados no Circo Máximo. A restauração iniciada por Heliogábalo (218-222) foi continuada por Alexandre Severo, que reconstruiu a colunata na summa cavea.
Embora o edifício tenha sido reaberto em 222, foi somente durante o reinado de Gordiano III que a restauração pôde ser considerada concluída — um fato aparentemente confirmado pelas moedas cunhadas por esses dois imperadores. Outro incêndio em 250, novamente causado por um raio, levou o imperador Décio a ordenar reparos. Depois que os visigodos saquearam Roma em 410 sob o comando de Alarico, acredita-se que uma inscrição em homenagem ao imperador Honório tenha sido adicionada ao pódio ao redor da arena como parte do trabalho de restauração. Foi Honório quem interrompeu os jogos de gladiadores e mais tarde permitiu que espetáculos de caça ocupassem o seu lugar na arena.
A inscrição foi removida após algum tempo e substituída para marcar outra grande restauração, após um terramoto em 442, sob os praefecti urbi Flavius Sinesius Gennadius Paulus e Rufius Cecina Felix Lampadius. Constâncio II achou-a muito do seu agrado. Outra restauração foi realizada em 470 pelo cônsul Messio Febo Severo, após outro terramoto. O trabalho continuou mesmo após a queda do Império Romano Ocidental; após outro terramoto em 484 ou 508, Decio Mario Venanzio Basilio, então praefectus urbi, pagou pessoalmente pela restauração.
As venationes continuaram até à época de Teodorico. Gradus inscreveu os nomes das grandes casas senatoriais da época de Odoacro; embora se tratasse de um costume antigo, os nomes eram constantemente apagados e substituídos pelos dos novos ocupantes, de acordo com as várias ordens de clarissimi, spectabilis e illustres. Tudo o que resta são os nomes da última edição antes da queda do Império.
Foi usado pela primeira vez como necrópole no século VI e, mais tarde, como castelo. Entre os séculos VI e VII, foi construída uma capela dentro do Coliseu, hoje conhecida como Santa Maria della Pietà al Colosseo. Por volta de 847, durante o reinado do Papa Leão IV, um terramoto causou sérios danos à estrutura.
Foi principalmente a parede exterior sul que ruiu durante um grande terramoto em 1349 - esta parte tinha sido construída sobre solo aluvial menos firme. No século XIII, o Coliseu foi usado como pedreira e também foi o local de um palácio pertencente à família Frangipane, que mais tarde foi demolido, mas nunca ficou desabitado - o Coliseu continuou a abrigar muitas outras habitações humanas. Durante os séculos XV e XVI, blocos de travertino foram sistematicamente removidos à medida que novos edifícios eram construídos. Em 1451, o travertino, o asproni e o mármore do Coliseu foram escavados, triturados e levados para os fornos de cal do Papa Nicolau V. O trabalho foi encomendado pelo M° Giovanni di Foglia Lombardo.
As pedras que caíram no chão foram usadas para construir o Palazzo Barberini em 1634 e, após outro terramoto em 1703, para construir o porto de Ripetta. Benvenuto Cellini, na sua autobiografia, relata uma noite aterrorizante entre os espíritos evocados dentro dos limites do Coliseu para provar o quão maligno e sinistro era o local. Durante o ano jubilar de 1675, o local foi consagrado em memória dos muitos mártires cristãos que ali sofreram. Foi um decreto do Papa Bento XIV em 1744 que impediu a pilhagem e deu origem a catorze santuários da Via Crucis no local; em 1749, ele também declarou o Coliseu uma igreja dedicada a Cristo e aos mártires cristãos.
O Coliseu já havia sido escavado em duas grandes fases - primeiro por Carlo Fea, Comissário de Antiguidades, em 1811 e 1812, depois por Pietro Rosa entre 1874 e 1875 - tornando-se objeto de vários projetos de reutilização criativos até meados do século XVIII.
No final do século XIX, após séculos de uso — incluindo um período de culto cristão dentro de suas paredes e uso como pedreira de travertino —, essa grande estrutura foi deixada com fundações muito precárias. O problema mais óbvio é a descontinuidade abrupta do anel externo ao longo das seções adjacentes às ruas atuais — Via di San Giovanni in Laterano e Via dei Fori Imperiali —, especialmente onde ocorreram grandes restaurações. Fea também regista o que pode ser a origem dos buracos nas pedras do monumento - provavelmente parte de um mecanismo para extrair grampos de metal que mantinham as pedras unidas.
Coliseu tornou-se popular no início da Idade Média, provavelmente a partir de uma vulgarização comum do adjetivo latino«colosseum», que significa colossal, em meio às habitações de um e dois andares que foram adicionadas naquela época. É mais provável, no entanto, que o nome venha da estátua colossal de Nero nas proximidades. O edifício rapidamente se tornou o símbolo de uma cidade de um império, onde a ideologia, o desejo de celebrar, traçavam os padrões do lazer e entretenimento públicos.
Nas proximidades, erguia-se uma grande estátua de bronze de Nero, de quem o Coliseu teria tirado o nome, uma conexão que foi registada desde a Idade Média e que também se refere ao tamanho gigantesco do edifício. Após a morte de Nero, a estátua foi transformada na de Sol Invictus, o deus do sol, com raios de uma coroa solar adicionados ao redor de sua cabeça. Em 126, foi removida do seu local original no átrio da Domus Aurea por Adriano para dar lugar ao Templo de Vénus e Roma.
Há uma base moderna de tufo que marca onde ficava a fundação da estátua colossal depois de ter sido removida. Na época do Império, a enorme estátua de Nero foi derrubada e é improvável que alguém do século VI se lembrasse dela. No século XIV, o notário e juiz Armannino da Bolonha disse que o Coliseu era o local pagão mais importante do mundo.
As suas palavras significam que «o Coliseu se tornou a sede de várias seitas de magos e adoradores do diabo»; as pessoas que se aproximavam eram questionadas com «Colis Eum?» (que significa «Você o adora?»). Mais tarde, o Papa Bento XIV mandou purificar o Coliseu com um exorcismo e deu-lhe um novo uso em memória do sofrimento de Cristo e de todos os santos.
A base assenta num piso de pedra elevado acima do terreno circundante. As suas raízes estão num grande pedaço de tufo, com cerca de 13 metros de espessura, que é coberto no exterior por uma parede de tijolos. A estrutura de suporte é composta por colunas de pedra travertina ligadas por pinos. Depois de o edifício ter caído em desuso, tornou-se habitual remover estas peças metálicas para as fundir e reutilizar, pelo que os blocos foram escavados nas suas juntas.
Esta é a razão para os muitos buracos que podem ser vistos na fachada externa. Os pilares são ligados por paredes feitas de blocos de tufo na parte inferior e tijolos na parte superior. A Cavea é sustentada por abóbadas trapezoidais e arcos apoiados em colunas de travertino e divisórias radiais em tufo ou tijolo. No exterior, é utilizado travertino, que pode ser visto numa série de anéis concêntricos que sustentam a cavea.
Estas paredes cortina são decoradas com uma série de arcos emoldurados por pilastras. As abóbadas de arcos cruzados estão entre as primeiras do mundo romano, feitas de opus caementicium e, muitas vezes, com nervuras de arcos de tijolo entrecruzados, também usados nos revestimentos. Além disso, as paredes radiais fora dos dois ambulacros externos são reforçadas com blocos de tufo. Um avançado sistema de abastecimento e drenagem de água ajudava a manter o edifício e fornecia água às fontes localizadas na cavea para o público.
A fachada externa (que atinge 48,50 metros) é feita de travertino e está disposta em quatro ordens, seguindo o padrão típico de todos os edifícios de lazer do mundo romano: os três níveis inferiores são compostos por 80 arcos numerados sustentados por colunas semicolunares. O quarto nível (ático) consiste numa parede sólida com pilastras correspondentes às colunas dos arcos. As colunas em cada nível são dóricas, jónicas e coríntias. O piso superior também é coríntio.
As secções da parede entre as pilastras contêm 40 pequenas janelas quadradas, uma a cada duas baías (as baías sólidas eram sempre equipadas com grampos de bronze). Acima das janelas, cada baía tem três consolas salientes. Essas consolas abrigavam as hastes de madeira usadas para abrir e fechar as claraboias. Provavelmente, elas eram fixadas ao solo por uma série de blocos de pedra inclinados. Essas entradas ainda podem ser vistas hoje na borda externa do terraço de travertino sobre o qual se ergue o Coliseu (a do lado do Celio é claramente visível). O primeiro nível do terraço continha 80 entradas, incluindo quatro entradas especiais ao longo do eixo elíptico.
O eixo curto continha entradas para as arquibancadas VIP (a Entrada do Imperador); o eixo longo continha entradas diretamente para a arena. Andares diferentes eram reservados para diferentes classes sociais. O imperador sentava-se pela manhã numa plataforma de frente para o Arco de Constantino e à tarde numa plataforma de frente para o que hoje é uma estação de metro. Os arcos do segundo e terceiro andares eram emoldurados por parapeitos contínuos com semicolunas com bases cúbicas.
Os quatro estilos de semicolunas e pilastras, de baixo para cima, tinham capitéis toscanos, jónicos, coríntios e coríntios lisos. Os três primeiros estilos repetem a mesma ordem, uma sequência também vista na fachada do Teatro de Marcelo. As moedas mostram quatro arcos em cada extremidade do eixo elíptico da planta, decorados com um pequeno pórtico de mármore.
O Coliseu tinha um telhado de tecido, chamado velarium, composto por muitas folhas que, segundo alguns estudiosos, como Manzione, cobriam as arquibancadas dos espectadores, deixando a arena central aberta para o céu. Isso teria proporcionado sombra aos espectadores apenas ao meio-dia; em todos os outros momentos do dia, diferentes partes das arquibancadas continuariam a receber luz solar direta. Outros estudiosos (D'Anna e Molari) propuseram uma versão completamente coberta, incluindo a arena. O velarium foi projetado para proteger os espectadores do sol e era operado por um grupo de marinheiros da frota de Miseno, que ficava ao lado do Coliseu.
Um sofisticado sistema de cordas e roldanas era usado para manter as lonas no lugar. Manzione e outros acreditam que tudo era mantido no lugar por cordas presas a blocos de pedra fora do Coliseu, alguns dos quais ainda podem ser vistos hoje. No entanto, quando recentemente foram feitas escavações na área, descobriu-se que esses blocos não têm fundações, pelo que essa ideia foi descartada.
A cavea consiste em assentos e degraus de mármore para os espectadores. É feita inteiramente de mármore e é dividida por praecinctiones ou baltea (divisórias) em cinco secções horizontais (maeniana) atribuídas a diferentes categorias de espectadores em ordem ascendente - a posição diminui à medida que se sobe, ao que parece. Na parte superior, havia degraus largos e baixos para assentos de madeira (subsellia), onde se sentavam os senadores e suas famílias, e os nomes dos senadores a quem foram atribuídos esses assentos inferiores estavam inscritos na balaustrada do pódio. Em seguida, vinha o maenianum primum, com cerca de vinte degraus de mármore, e o maenianum secundum, dividido em imum (inferior) e summum (superior), cada um com cerca de dezasseis degraus de mármore. Dentro do pórtico com colunas que coroava a cavea (porticus in summa cavea), havia cerca de onze degraus de madeira.
O que resta arquitetonicamente pertence a uma renovação do período severiano ou gordiano III. Era nesses degraus que as mulheres se sentavam sob um telhado, separadas do resto dos espectadores desde o tempo de Augusto. O lugar menos desejável para se sentar era no terraço acima da colunata, onde os lugares em pé eram reservados para as classes mais baixas da plebe. As escadas e entradas para a cavea dividiam os setores verticalmente. Eram protegidas por barreiras de mármore datadas da restauração do século II. Em cada extremidade do eixo menor, que era precedido por uma secção frontal, havia duas caixas para pessoas importantes, que agora desapareceram. Uma caixa, em forma de «S», era para o imperador, os cônsules e as virgens vestais; a outra era para o praefectus urbi e outros dignitários. Depois de passarem pelos arcos de entrada adequados, dirigiam-se aos seus lugares.
Os imperadores e funcionários exerciam o seu direito a entradas reservadas no eixo menor do oval, enquanto as entradas centrais no eixo maior eram reservadas para atores e personagens principais das apresentações. Todos os outros espectadores tinham de fazer fila sob este arco de acordo com o número do seu bilhete, pelo que cada arco público tinha um número inscrito na pedra angular. Essa numeração tornava mais fácil e rápido chegar ao seu lugar. Os números esculpidos nos arcos do Coliseu foram pintados de vermelho para torná-los mais visíveis à distância.
Este detalhe veio à luz durante os trabalhos de restauração financiados pelo grupo Tod's, quando a fachada foi limpa com névoa de água para remover a sujidade e os depósitos de poluição e revelar alguns traços muito ténues de cor. A partir daqui, uma série de escadas entrecruzadas conduzia a um arranjo simétrico de corredores circulares abobadados. Cada um deles conduzia a uma grande cunha tripartida dividida por pilastras, paredes de passagem revestidas de mármore e um teto abobadado com decoração em estuque, original do período flaviano. Além disso, o palco sul do Imperador tem outra entrada através de um criptopórtico que conduz diretamente ao exterior. Doze arcos abriam-se para corredores usados por aqueles sentados no anel mais interno, de onde uma pequena escadaria conduzia à parte inferior da cavea. Essas passagens também eram revestidas de mármore. Os arcos restantes davam acesso a várias escadarias simples ou duplas que conduziam às áreas superiores. Nessa área, as paredes eram revestidas de gesso, chegando até às abóbadas.
A arena oval (86 m x 54 m) foi construída em tijolo e madeira e coberta com areia, que era frequentemente limpa para absorver o sangue dos assassinos. A arena era separada das arquibancadas por uma plataforma com cerca de 4 m de altura, decorada com nichos e mármore e protegida por uma grade de bronze. Atrás da plataforma ficavam os assentos principais. A arena continha várias armadilhas e elevadores que levavam a passagens subterrâneas para uso durante as apresentações.
Abaixo da arena ficavam as áreas de serviço (catacumbas), divididas em uma grande passagem central ao longo do eixo principal e doze corredores curvos dispostos simetricamente em ambos os lados. Elevadores eram usados para levar máquinas ou animais usados nos jogos para a arena. Havia 80 elevadores distribuídos por quatro corredores. Os vestígios sobreviventes indicam que o edifício foi reconstruído no século III ou IV d.C. As comparações com as passagens subterrâneas do Anfiteatro Flaviano em Pozzuoli (construído pelo mesmo arquiteto do Coliseu) dão uma ideia de como eram as passagens subterrâneas do Coliseu na época romana. Em Pozzuoli, ainda é possível ver os dispositivos usados pelos romanos para transportar gaiolas de animais selvagens para a arena. O telhado das passagens subterrâneas não existe mais, de modo que as salas abaixo da arena ainda são visíveis hoje. Os edifícios de serviço abaixo da arena tinham entradas separadas:
As galerias subterrâneas no final do eixo principal conduziam à passagem central sob a arena, que era usada para transportar animais e máquinas. Duas entradas em arco maciças no eixo principal conduziam diretamente à arena, permitindo o acesso dos protagonistas (pompa), gladiadores e animais demasiado pesados para serem levantados pelas passagens subterrâneas. O pessoal também podia entrar na arena através de passagens abertas nas galerias de serviço, que circundavam a arena e estavam localizadas sob o pódio, por baixo do auditório. Os corredores circulares mais internos conduziam à galeria, onde se sentavam os senadores.
Dentro do Coliseu encontra-se a igreja de Santa Maria della Pietà al Colosseo, um local de culto católico. É uma igreja simples construída num dos arcos do anfiteatro Flaviano. A sua fundação pode ser datada entre os séculos VI e VII, mas provavelmente não, uma vez que as primeiras notícias seguras da sua existência remontam ao século XIV.
Sempre foi um local de culto em memória dos mártires cristãos que morreram dentro do Coliseu, e muitos santos a visitaram — Santo Inácio de Loyola, São Filipe Néri, São Camilo de Lellis — para citar apenas alguns. Segundo o arqueólogo romano Mariano Armellini, «a capela era originalmente um camarim para a trupe que encenava o importante drama da Paixão de Cristo no anfiteatro até à época do Papa Paulo IV». Em 1622, portanto, o santuário passou para a posse da Confraternita del Gonfalone, que construiu ali o oratório e instalou um monge como guardião para cuidar do local. Em 1936, o Vicariato de Roma confiou ao Circolo San Pietro o cuidado da liturgia desta igreja.
O Coliseu recebia eventos desportivos em estilo anfiteatro, incluindo lutas entre animais (venationes), execuções por animais selvagens ou outros métodos (noxii) e lutas entre gladiadores (munera). Esses eventos seguiam uma programação fixa: lutas entre animais ou entre gladiadores e animais pela manhã, execuções ao meio-dia e lutas entre gladiadores à tarde.
Para celebrar a conclusão do Coliseu, o imperador Tito organizou uma série de jogos com duração de três meses, envolvendo cerca de 2.000 gladiadores e 9.000 animais. Para celebrar a vitória de Trajano sobre os dacios, 10.000 gladiadores participaram.
O último combate de gladiadores registrado ocorreu em 437 d.C. No entanto, o anfiteatro continuou a ser usado para o abate de animais até o reinado de Teodorico, o Grande: as últimas lutas de gladiadores ocorreram em 519, durante o reinado de Eutalico (genro de Teodorico), e novamente em 523, durante o reinado de Anísio Máximo. Escavações nos esgotos do Coliseu revelaram os restos mortais de muitos animais domésticos e selvagens, incluindo ursos, leões, cavalos e avestruzes.
Metro: Linha B, paragem Colosseo
Autocarro: n.º 51, 75, 81, 85, 87, 118
Eléctrico: n.º 3
Última admissão: uma hora antes do horário de encerramento
Fechado: 25 de dezembro de 2025, 1 de janeiro de 2026
Entrada gratuita: primeiro domingo do mês, 25 de abril, 2 de junho, 4 de novembro